A pandemia causada pelo novo coronavírus parou o mundo e, no processo, mudou completamente rotinas, hábitos e costumes. De questões do dia a dia às estruturas de trabalho, é consenso que devemos nos adaptar ao que vem sendo chamado de “novo normal”.
De simples hábitos de higiene que se tornaram obrigatórios a uma nova visão das formas de trabalho, foi preciso promover uma verdadeira renovação em conceitos do que deve ser considerado normal daqui para frente, como explica a gerente regional do Sebrae, Iroá Arantes.
“A pandemia mostrou que uma empresa precisa saber mudar rapidamente e estar atenta ao mercado e às necessidades específicas para poder atender, adaptar e aproveitar as ondas que vêm. Também trouxe um olhar mais atento para ações responsáveis socialmente, para a sustentabilidade, e mostrou o quanto é importante interagir com a comunidade, com o público-alvo e se firmar como marca. Enfim, rompemos uma barreira cultural.”
Home office, atendimento multicanal, capacidade de readequação rápida, investimento em comunicação e em tecnologia são apenas algumas das realidades que, apesar de não serem exatamente novas ou invenções da pandemia, acabaram deixando de ser coadjuvantes ou opções de poucos para se tornarem regra, meios de sobrevivência e até de expansão durante esse período.
Um exemplo é a agência Prospecta. Com a quarentena, todos os colaboradores foram colocados para trabalhar de casa e o resultado foi tão positivo, com aumento de produtividade e até contratação de novos colaboradores, que o home office veio para ficar.
“Percebemos que a produtividade aumentou e até mesmo a interação entre os times, que agora se falam mais. Em função da distância, também aprimoramos atividades rotineiras, como entrega de briefing, que agora precisa ser mais detalhado e organizado para que todos cumpram corretamente suas atividades”, conta David Borges, diretor da Prospecta.
A decisão deles é de manter um formato híbrido, com a estrutura da agência funcionando como uma espécie de coworking, ou seja, o colaborador pode decidir se fica em casa ou se vai para a empresa trabalhar. Uma estratégia que está alinhada com o mercado, como mostra uma pesquisa realizada pela consultoria Cushman & Wakefield.
O levantamento mostra que aproximadamente 74% das empresas entrevistadas pretendem instituir o home office como prática definitiva no Brasil após a pandemia. E grandes nomes estão liderando essa mudança, como Twitter, Google e Facebook.
Mas essa não é a única transformação na Prospecta. “Além do formato híbrido de trabalho, que vai permitir aos colaboradores continuarem trabalhando em casa, vamos manter as reuniões online com os clientes. Além de ser uma necessidade diante do ‘novo normal’ - muitas pessoas ainda continuarão receosas com aglomerações, mesmo após a pandemia -, percebemos que as reuniões online permitem que tanto o comercial quanto o atendimento sejam mais ágeis, ampliando a produtividade e a agenda da equipe”, conta Borges.
Na Impperial Empreendimentos, a estrutura tradicional de trabalho foi totalmente alterada, o que se tornou um processo bastante renovador dentro do setor imobiliário - bastante tradicionalista.
“O setor imobiliário é um dos setores com menor inovação nos últimos anos. Contudo, a pandemia trouxe uma necessidade urgente de modernização, de tornar os processos mais eficientes e, também, de repensar os espaços urbanos e as residências. A realidade é outra, o mundo de 6 meses atrás já não existe mais. Mais do que uma questão de sobrevivência no novo cenário, o sucesso dependerá dessa nova postura”, afirma Bruno Malvezi, diretor da Impperial.
Antes, havia uma rotina mais rígida de horários, pouca comunicação e muito trabalho físico e papelada. Agora, a comunicação foi melhorada, o tempo está organizado de maneira mais adequada e a tecnologia trouxe ganhos na sustentabilidade, praticamente eliminando papéis na empresa. Com tudo isso somado, houve grande aumento de produtividade.
E ainda há a questão do home office, que a empresa deve adotar em um modelo misto após a pandemia. “Haverá mais flexibilização. Vamos absorver e operacionalizar todos os ganhos tecnológicos do período e tornar o trabalho mais eficiente. Percebemos que muitas atividades rotineiras eram demoradas e custosas. Essas serão descartadas e passaremos a utilizar o tempo para organização e melhorias”, pontua Malvezi.
Essas mudanças todas, entretanto, devem ser feitas com bastante cuidado e atenção, garante a gerente regional do Sebrae. “Cada um vai ter um modelo que funciona melhor para o seu negócio e é preciso entender esse processo. Demos um salto muito grande em pouco tempo no que diz respeito a avanços nas estruturas de trabalho. Tem muita coisa boa acontecendo, muitas empresas repensando seu modelo, a forma de interagir com seu cliente, entregar seu produto ou serviço, e isso faz com que todo mundo ganhe. Inclusive o consumidor. Mas ainda existe todo um aprendizado”, diz.
“Demos um salto grande em pouco tempo. Tem muitas empresas repensando a forma de interagir com seu cliente, entregar seu produto ou serviço, e isso faz com que todo mundo ganhe. Inclusive o consumidor. Mas cada um vai ter um modelo que funciona melhor para o seu negócio e é preciso entender esse processo.” Iroá Arantes, gerente regional do Sebrae.
A matéria está disponivel no site da Revista É Rio Preto.
